quarta-feira, novembro 19, 2008

post nº 079

REPETIÇÃO... (porque hoje ainda se aplica mais o que escrevi em 1972)

do post nº 064

REFÉM

Vivo sozinho e abandonado
Do mundo escorraçado
Vivo sozinho e sem dinheiro
Por dar esmolas ser o primeiro

Vivo sozinho como um ladrão
Vivo de amor que me não dão
Roubo um capim
Faço uma cama
Roubam-me a cama
Fico-me assim...

Vivo com fome e não a sinto
Pinto-a na tela em que me pinto
Sinto a saudade, corro com ela
Perco a corrida, fico-me a vê-la

Olho para o céu, vejo-o vermelho
Espelho de sangue em que me espelho
Olho para a terra, vejo-a de luto
Lapelas engomadas e chão corrupto

Olho para a vida, peço-lhe a morte
Abro uma rifa no cabaz da sorte
Sai-me branca a terminação
Sai-me a tristeza, mas a morte não

Jorge Coimbra

5 comentários:

Anónimo disse...

"sozinho e abandonado" sinto-me eu, que o teu caixote de encomendas pung-sei-lá-o-quê está cheio de bolor e lá não entra nem uma cartita... :(

;)


o bailio

Anónimo disse...

Me aguarde... seu anónimo

Anónimo disse...

é pá, não te enganes agora tu é no caixote que o tal 'infolara' já foi c'os cães há bué.... gmail, gmail... (vê no tasco, tá lá escarrapachado por baixo da pilimgrafia :)

o bailio

Unknown disse...

Todos nós somos reféns de qualquer coisa.. por vezes memórias, por vezes sonhos... mas acabamos sempre por delinear barreiras à volta disso

Anónimo disse...

Dei comeste blog totalmente por acaso...Gosto de passear por aqui e por ali e ver o que encontro e eis que me deliciei com tudo o que aqui está "postado", a escrita suave e entendível...adorei os contos em poema ou não que se referem à Espangara que também conheci mas não tão bem...apenas da varanda do meu quarto que para lá dava.Senti o cheiro do rio...
Um abraço amigo.