quinta-feira, janeiro 31, 2008

post nº 030

ÁRVORES ou TREES

ÁRVORES

Eu sei que nunca chegarei a ler
O mais belo poema como uma árvore o deve ser
Árvore cuja boca sedenta tem na raiz o pé
Que nasce do seio doce da terra, fluindo em fé
Uma árvore que ora a Deus sempre que amanhece
De braços alevantados em frondosa prece
Uma árvore que pode no Verão usar como guia
Um ninho de pintaroxos nas madeixas que fia
Em cujo regaço a neve tem adormecido
E que intimamente com a chuva, tem crescido
Poemas são feitos por tolos como eu
Mas a árvore, foi Deus que a escreveu

por Joyce Kilmer dated: 1913
tradução para Português: Jorge Coimbra 10/10/2003


TREES

I think I shall never see
A poem as lovely as a tree
A tree whose hungry mouth is prest
Against the earth's sweet flowing breast
A tree that looks at God all day
And lifts leafy arms to pray
A tree that may in Summer wear
A nest of robins in her hair
Upon whose bosom snow has lain
Who intimately lives with rain
Poems are made by fools like me
But only God can make a tree

by Joyce Kilmer dated: 1913
(1886-1918)

segunda-feira, janeiro 28, 2008

post nº 029

A BOLA (raistaparte I)

Não devia ter acontecido e não vale rir porque esta doeu.

Esta bola tinha uma particularidade... era de madeira maciça, pesava cerca de 2/3 quilos, media cerca de 30 centímetros entre os pólos, não sei para o que servia ou serviu... mas parecia mesmo uma bola.

Lá isso parecia. E então pintada de preto e castanho, parecia uma daquelas de catchu (cow-shoe, pele de vaca, sola de vaca, sapato de vaca... vacaria… v(elh)acaria).

Nós, os incorrigíveis putos do Chipangara (vale a pena repetir os nomes): O Chico (da famosa família dos Manacas), o Quim e o Guêdo (descendentes do Sr. Dias da cantina com o mesmo nome), O Adolfo “Tufas” (filho do Sr. Rocha que, nós suspeitávamos, caçava gambozinos sem licença) e eu, irresponsável e inimputável, porque era o mais novo, … nós, como dizia o inimputável, tínhamos ideias do caraças.

Não é que tivemos ideia de jogar à bola com aquela bola... tipo “passa a bola”... quem deixar cair é B, depois BU, a seguir BUR, BURR, até chegar a BURRO finalmente (e completamente).

Entre nós os cinco sabíamos que a bola era maciça, era de madeira, era para jogar à mão. Não havia necessidade de mais ninguém saber.

Pois bem... já íamos em BURR quando chegou de bicicleta o nosso amigo Tony, do bairro ao lado. Saltou da bicicleta e quis jogar entrando na roda com os mesmos pontos do último, que era BURR... quase BURRO.

A nós nem uma palavra ocorreu dizer.

Estava-se mesmo no BURR. Bastava um “só à mão!!!”

Ainda hoje não sei se foi esquecimento ou uma forma mórbida de subterfúgio malvado que manteve as nossas bocas fechadas.

Sei que ficámos silenciosos... com a boca escancarada... quando vimos o Tony cabecear a bola, em voo rasante, gritando Yaúca...!!

Seria sua intenção, certamente, marcar golo (nem me lembro de que clube era o Yaúca). A verdade é que caiu redondo, desmaiado (só, felizmente) no chão.

Vocês nem sabem o que se pode fazer num segundo.

O espaço à frente da cantina do Sr. Dias ficou deserto, não só de nós, os putos, mas de todos os que assistiam. A poeira levantada pelos nossos pés em fuga, ainda hoje deve estar a tentar assentar.

Eu fugi para casa e a minha mãe, surpreendida, perguntou-me: Já? O almoço não está pronto! Respondi: já estou com fome.

Era pelo menos a segunda vez que usava esta desculpa e sempre por ter de fugir para casa mais cedo que o previsto.

O Quim e o Guêdo simplesmente entraram na cantina cujo dono tinha o mesmo nome que ela e, nesse dia, pela primeira vez, começaram a aprender sobre o comércio do pai para espanto dele.

O Chico fugiu comigo, pois morava ao meu lado. Contou-me que tinha tido dor de barriga e que tinha sido isso que contou à Dona Joaquina, sua avó. Foi o único que não usou qualquer desculpa. Teve mesmo dor de barriga.

O Adolfo “Tufas” pegou na bicicleta do Tony e pedalou pela sua vida, até se cansar. Escondeu a bicicleta num caniçal qualquer e voltou, assobiando, para casa.

Nunca mais soube o que aconteceu à bicicleta. O Adolfo fechou a boca de chocalho e nunca disse nada. Hoje, a bicicleta, já deve fazer parte da flora da região.

Não nos voltámos a encontrar durante muito tempo. Esta tinha sido dura.

Quanto ao Tony, foi para o hospital ou casa de saúde, ou lá o que foi, e nunca mais voltou ao Chipangara ou Espangara. Soubemos mais tarde que levou 19 pontos na carola. Ainda bem que tinha sido só de raspão.

Imaginámos que terá dito aos pais que tinha sido atacado para lhe roubarem a bicicleta... razão pela qual nunca ninguém veio à procura dela... e muito menos o Tony.

Ficámos tremendamente envergonhados.

Ah! É verdade! Foi o Sr. Dias, da cantina com o mesmo nome, que levou o Tony ao hospital.

O Sr. Dias da cantina era um senhor bom que se cruzava muitas vezes connosco, infelizmente para ele.


Jorge Coimbra

FIM

sexta-feira, janeiro 25, 2008





















post nº 028

ERIC

Tens nos olhos tudo aquilo que de mim é filho
E olhas o mundo como eu, um andarilho
Dos tempos, dos espaços, da contemplação

De todos os teus irmãos és o ajuntador de areia
Que se te agarra aos pés, nus, e em cadeia
Depositas como pegadas pequenas pelo chão

És aquilo que na minha vida faz todo o sentido
Aquilo que sempre encontro depois de ter perdido
A almofada onde descanso a já velha cabeça

Que eu apesar de pai, quero afinal aprender
Contigo, e é a ti que confio o meu cansado ser
Como quem a cruz beija e faz uma promessa

Prometo-te então, agora, amado filho meu
Que um dia hás-de ser bem maior do que eu
E continuarás a perscrutar o nosso horizonte

Em busca daquela estrela que espreitas da janela
Que te faz sonhar quando te abraças a ela
Como no dia da 1ª vez que escalaste um monte


Jorge Coimbra

quinta-feira, janeiro 24, 2008


post nº 027


ERIC o meu filho,




Ele hoje faz 12 anos. Ele hoje deita fora a cadeira elevadora do automóvel, já que não chegou primeiro ao metro e meio de altura... e bem tentou.


Como é o mais novo, apelidam-no de benjamim, "pestinha", lindo menino ou "rascal", conforme a disposição de quem apelida. A sério é o Eric Alexandre. A brincar é só Eric.


Para mim é um poço de inquietude e curiosidade intelectual e espiritual mas também de inspiração divina. Para quem já tem 6 filhos, bem contadinhos, ele é a cereja do bolo.


Que Deus o guarde sempre, por muitos anos, felizes e saudáveis, na maior paz e harmonia.


Assim seja,


Jorge Coimbra

quarta-feira, janeiro 23, 2008

post nº 026

AGRADECIMENTO simples

Para todos os meus amigos, em especial aqueles que aqui vêm, com a paciência necessária para aturar as minhas rimas, e que mentem piedosamente sobre as mesmas.

Pela vossa simpatia, pelo vosso carinho,
Estou dizendo um muito obrigado,
Que não espelha o tamanho do meu agradecimento.

Fico sem palavras.

A todos vós o maior abraço que os meus braços possam dar.
Não vos posso meter todos entre os meus braços,
Mas tenho-vos todos no meu coração.

Jorge Coimbra
post nº 025

O LIVRO

Se eu escrever algum dia um livro
Será porque jamais algum terei aberto e lido
Será devido aquele saber, ofendido
Tão inocente como arrogante por me ter vencido

Se escrever algum dia um livro
Quero escrevê-lo sem nunca o ler
Quero lê-lo sem sequer o escrever
Quero sofrê-lo por já o ter sofrido
A escrever...

Se escrever algum dia um livro
Seja de capa dura ou de pequeno bolso
Quero que nele a verdade e a mentira soem a falso
Que passem as duas pelo mesmo crivo
Que tanto uma como a outra tenham o mesmo realce
Pelo percalço de a uma e à outra terem mentido

Se algum dia, eu, escrever um livro
Vai ter que ser antes de eu aprender a ler
Que não conheça eu palavras para escrever
Que apague qualquer frase antes dela nascer
E que reencarne e renasça antes de morrer
Que exista morto ao invés de sempre desistir vivo
E que morra muito antes de algum dia ter nascido
...
Só assim escreverei o meu livro

Jorge Coimbra
post nº 024

ESTAÇÕES DE AMOR

No Outono, com o cair das folhas,
Nosso amor floresce...

No Inverno, com o frio,
Ele aquece...

Na Primavera, de cores,
Renasce...

No Verão, então,
Amadurece...

Jorge Coimbra
post nº 023

ABRAÇO AMIGO

O maior abraço de todos os abraços
Braços que vos enlacem neste momento
Vos encham os grandes e pequenos espaços
E que na vossa alma sirvam de alimento

Um abraço igual ao daquele amigo
Irmão, que tanto caminhou comigo
Por uma estrada tão grande quanto pequena
Numa distância tão infinita quanto serena

Um abraço tão forte quanto apertado
Um abraço tão grande quanto imaculado
Que contraste com este mundo irreal

Com o bálsamo do calor que só o amor sabe dar
Com a fé, única, que só ela a dor sabe tirar
E, para sempre, perpetuamente, intemporal

Jorge Coimbra
post nº 022

A POESIA

Poesia que me persegue, como um eco, rimando
Desde todo o sempre que minha alma vive
É sombra bailando, e de quando em quando
Projecta meu corpo pelo chão, em declive

É a animação da própria sombra que sou eu
Sempre escura, mesmo quando me dá luz
Em noites... medonhas noites do pior breu
Como vela acesa, implacavelmente me seduz

Não adianta fugir... preso, pregado a ela
Crucificado, morto e vivo... sepultado nela
Não a querendo, sem querer... quero!

Quero ser poeta e escrever versos... versos!
Quero rasgá-los todos e esconde-los dispersos
Para sempre perdidos e achados no desespero


Jone Chipângua
post nº 021

A ÁRVORE O POEMA E O ANJO

Quando o céu se abriu
Não foi chuva que caiu
Antes veio um Anjo Alado
Com o dedo apontado
Para o mau caminho que eu tinha andado

E eu vi-o, como quem já viu,
O mesmo Anjo daquele dia em que me saiu
Uma árvore e um poema do passado.

Esse poema, que é árvore, se uniu
A mim, que sendo chuva, chorou
Porque à árvore não ligou
O Anjo, esse, ficou comigo atravessado
Indo-se embora, voando, já que era Alado

Jorge Coimbra

segunda-feira, janeiro 21, 2008

post nº 020

O TEMPO PERDIDO

O tempo perguntou se eu sabia
Que o tempo estava a acabar
Para voltar a ter o tempo
Que eu um dia vi passar

Lembrou-se agora o tempo
De me fazer recordar
Que o tempo que deitei ao vento
Em mim não volta a soprar

Pedi ao tempo mais tempo
Para me tentar resgatar
O tempo, sem tempo, negou-se
Não tinha mais tempo p'ra dar

... … …

Em tempos vivi num tempo
Que era o tempo da minha vida
Vida vivida com tanto tempo
Que nunca pedi tempo à vida

Agora foge-me o tempo
Não mais pára de correr
Se me chega o fim do tempo
É já tempo do meu morrer

Tempo...

Tempo que corres com o vento
Escoas-te por entre os dedos
Nestes dias de mau tempo
És o tempo dos meus medos

Tempo... ó tempo...

Dá-me tempo para viver
Que quero viver e sonhar
E amar sem nunca perder
Esta vontade de amar

… … …

Se o tempo me ouviu agora
Só saberei a destempo
Que agora chegou a hora
De amar, parando o tempo

…ou morrer perdendo tempo


Jorge Coimbra
post nº 019

CRUZ DE PEDRA

Cruz de pedra que me pesa a alma
Que afere e anota meu ardor e calma
Com que luto, por instantes, nesta vida

Borboleta que, num só momento, bato asas
E voo por entre emaranhados casulos, casas
Que me acolhem, sem ter direito a dormida

Cruz de pedra, que sem ti não passo
Minha mão, igual a ti, pedra, por ti esboço
A cruz do meu penar, desta lancinante ferida

Que há-de secar, por minha mão, na noite fria
Como naquela noite em que se acendeu o dia
Do meu longínquo nascer menino e moço.

Jone Chipângua



















post nº 018

NUNCA DEIXEM UMA ROSA AO RELENTO
É como o amor porque...

O amor é como...

A flor ao sol em apogeu

Acarinhada, vai crescendo

Mas cai desconhecendo

Que já secou e morreu


Pelo punho amigo do Jone Chipângua

domingo, janeiro 20, 2008




















post nº 017

O POETA

Ele é como nós.

Gosta das multidões e de estar a sós.
Gosta de escrever e rasgar o papel.
Gosta da amizade simples e a granel.

Ele é como nós.

Vive a vida pacata e inquieta
De um auto-flagelado poeta,
Enrolando no dedo um papel,
Como aquele anel
Com que se casou à vida ciumenta,
Razão pela qual rascunha na página avarenta,
O amor que sente e que repele.

Ele é como nós...,

Estes outros que somos como ele é,
Que sentimos, que vivemos com a mesma fé,
Que comemos e bebemos à mesma mesa,
E usamos a mesma candeia acesa,
Para ler os mesmos versos,
Dum presente e passado dispersos
Pelo futuro da incerteza.

Ele é como nós.

Que faz ele sem nós e nós sem ele?
Quem somos nós sem as mãos dele?
Quem é ele sem as nossas mãos...
Para o abraçar e dizer... irmãos!
... Mas irmãos da sempre nova esperança,
Que erguemos, alto, no cintilante saber,
Dum olímpico facho, de amor a arder,
Numa perpétua chama, reflectida, que dança
Nos olhos do poeta que a sós...
Sabe que eu, tu e ele, somos nós.

O poeta é como nós.

Jorge Coimbra


(HÁ UMA PESSOA QUE, EU SEI, GOSTA MUITO DESTA FOTO. 15 BEIJINHOS PARA ELA QUE É A ÚNICA QUE SABE QUE EU JÁ FUI ARRUMADOR DE LIXO (QUE O LIXO NÃO SE LIMPA... APENAS MUDA DE LUGAR), NUMA TERRA QUE ERA DELA POR DOTE E MINHA POR HERANÇA... NAMPULA, ALI MESMO AO PÉ DA ILHA. E PORQUE JÁ FUI ARRUMADOR DE LIXO, ISSO, DEU-ME EXPERIÊNCIA PARA ALMEJAR SER POETA.



















post nº 016

"O MAIS BELO POEMA À BEIRA-MAR"
de Roberto Cordeiro

Era à tarde, à beira-mar.
Três jovens esperavam,
não sabiam o quê.
Eis senão, quando já desesperavam,
que chega a experiência e começa a contar...
E os jovens deslumbrados,
parece-lhes - de tão maravilhados -
que a própria vida lhes veio falar!

Entretanto, morria o dia
- mas apenas no tempo,
que dentro deles tudo nascia!
E a experiência contava,
e a idade ensinava
- só pelo prazer de ensinar.

Atentos, embevecidos,
os jovens ouviam, ouviam, ouviam...
... E não sabiam
que o que estavam ouvindo era
- entre o Outono e a Primavera! -
O mais belo poema à beira-Mar.

Este poema foi publicado no Notícias da Beira em 23 de Abril de 1968, acompanhado de uma fotografia de Carlos Rodrigues, em que aparece Jorge Coimbra, Ricardo Magalhães e Adolfo Rocha (o famoso "Tufas") junto com um velho "lobo do mar": o velho Florindo. Honra às suas histórias, poesias e aos seus (na altura) 74 anos bem vividos!!















post nº 015

FALCÃO

Quisera eu ser um fiel falcão
Mirando-vos com olhos arregalados
Olhos tristes e firmes, mas magoados
Olhos acossados,
Olhos andados de mão em mão

Olhos que mostrem o que me vai na alma
Olhos que me retratem com a lucidez e a calma
Do olhar misterioso de um audaz guerreiro

Olhos que vos amem sem tal falarem
Olhos que vos abracem sem vos abraçarem
Olhos marcados por um olhar derradeiro

Olhos que, no dia do fim, vos olhem como no dia primeiro

Jone Chipângua
post nº 014

PALAVRAS VADIAS

Vadio pela vida como um solilóquio, e só com ele converso
Palavras soltas ao sabor dos ventos de destinos que não entendo
Agarram-se umas às outras, com o terror de rima que perde o verso
Palavras entrelaçadas nas várias línguas que não falo, mas pretendo
Palavras loucas que ninguém ouve, espelhos que reflectem o inverso
Do que dizem, amedrontadas pela coragem do seu próprio lamento.

Vadio pela vida como a pedra que um Deus certo dia levantou
Do fundo dum lago lamacento e que, com destreza, arremessou
Por sobre as águas, saltitando, em arcos cada vez mais rasantes
Cada vez mais curtos, monossilábicos, agressivos, inquietantes
Até que ao fundo do lago voltou, e sob a mole lama aguardou
Que um outro Deus a voltasse a pegar, levantar e arremessar

Vadio pela vida como um animal selvagem ferido de morte
Um animal sem matilha, numa migração que perdeu o norte
Ferida pingando sangue na neve, pelo degelo que lhe rouba o fio
De água que lambe e bebe mas devolve, quase toda, ao rio
Fio da baba que lhe escorre da boca, já sem palavras
Porque também elas vadiam, feridas de sortes macabras

Vadio ao acaso, como palavras casualmente impensadas
Como aparas de madeira que caem duma serra, ao calha
Como orvalho que congela em manhãs frias, condensadas
Pelo hálito quente que fumega da boca aberta pela navalha
Os lábios finos, sangradas fissuras pelo golpe da facada
Fecham-se como as asas que mantinham a minha alma alada

Agora já só me calo se não constar nos anais
Que fiquem calados os que demais falam
E se o calar é fácil para os que se calam
Consentem que eu fale até não não poder mais

Jorge Coimbra
post nº 013

O MENINO DO MUSUNGO

O menino é um branco criado no Chipangara (bairro pobre da Beira, Moçambique), onde a própria lata, o caniço e o matope, se misturavam com a pedra e a cal, sem preocupações.

O contador é o Jone Chipângua, meu amigo íntimo, de peito, que comigo se confundia.

O Jone conta baixinho, quase em segredo...

Era uma vez... – Que todas as histórias só devem começar assim –...

Era uma vez… Um menino filho de musungo, por isso era branco. Vivia no Chipangara, por isso era negro. Dava-se bem com todos, por isso era mulato.

Tinha, na altura desta história, 7 anos bem medidos. Era a idade de subir coqueiro, comer caju do chão, andar de baloiço no ramo do tamarindeiro, pescar cacana e mussopo no rio Chiveve...

Chiveve, rio que morria onde devia nascer, terra adentro, passando pelo Chipangara.

Todas essas árvores, ele tinha no quintal do seu pai musungo, portanto branco.

Era feliz. Gostava da vida e a vida gostava dele.

Ia à praia da Praça da Índia com a mãe.

Com o pai... bem, musungo não dá mesmo troco a quem é branco, negro e mulato ao mesmo tempo. Musungo é assim. Musungo dá ordens!

Musungo falou... (faça-se um “entretanto”)

Entretanto… tinha nascido lá em casa, da cadela rafeira "catita", 5 ou 6 cães rafeiros, que não tinham sido chamados à vida pelo musungo.

O menino queria-os, como qualquer criança quer, com alma, com paixão, com amor ainda tão inocente.

Mas musungo é que manda! E mandou... (fim do “entretanto”)... :


"Filho, enquanto eu for trabalhar, pegas em todos os cães, todos, ouviste? Mete-os num saco e levas até ao Chiveve. Deita-os à água e vens-te embora".

E lá foi com a sua "solex", que musungo tem mota e dá recados para serem cumpridos.

O menino sentiu-se desfalecer. O menino olhou para o pai antes deste partir e não o reconheceu. O menino caiu de joelhos no chão.

Sem saber o que era isso de ser Cristão, ajoelhou e chorou como nunca tinha chorado. Sem saber rezar, orou pela vida, num choro compulsivo, num imparável correr de lágrimas que lhe faziam arder os olhos com o sal da sua dor.

A cadelita rafeira veio para junto dele e deu-lhe umas lambedelas na cara, sarando as feridas que as lágrimas faziam. Era assim a "catita". Amiga do seu menino, mesmo que ele fosse matar os seus filhotes.

O filho do musungo sentiu-se rafeiro. Olhou para a mãe, que, impotente, tinha perdido o dom de falar, como tantas vezes o tinha feito, para sossegar o seu querido, e único, filho. Também ela queria ir no saco com os cachorros.

Mas o menino branco, negro e mulato foi, que musungo não admite falhas. Meteu os 5 ou 6 cachorros (que naquele torpor, até lhe perdeu a conta), com 7 ou 8 dias de vida, num saco, no mesmo saco que pertencia ao "homem do saco", história que lhe contavam para ele comer mais depressa.

O menino correu pela rua fora até ao rio Chiveve, onde tantas vezes tinha pescado caranguejos com o musungo seu pai. (Aro de bicicleta, uma rede em forma de saco, uma corda, carne apodrecida... enfim, quem não sabe como era?).

Correu rua fora, passou pela cantina do Senhor Dias, Que lhe dava doces verdes, arredondados como melões, tão bons... fazendo-se esquecido das diabruras e partidas que o menino lhe pregava. Ao passar em frente da cantina gritou “desculpa Deus!”, pois julgou que este era o castigo que Deus lhe estava a dar pelas partidas e diabruras.

Agora, levava o crime nas mãos e a amargura no coração.

Chegou ao rio Chiveve e parou sobre a ponte velha de madeira.

O grande Chiveve ia cheio, que a maré tinha subido. Estava a três escassos palmos da ponte.

O menino parou, e com ele o tempo parou. Como se o mundo todo o estivesse a recriminar, os sons todos pararam, parecendo que o estavam a olhar de todos os lados.

Tudo parou.

O menino, num esgar de raiva, de sobrolho cerrado e olhos molhados, atirou com os cachorrinhos à água.



De repente o menino ouviu o que o mundo lhe dizia em silêncio. Aproveitando a paragem no tempo, correu para o outro lado da ponte.

O Chiveve corria para onde o mar o levava. Sorte que a maré estava a subir. Sorte que não era maré de morte.

Conforme os cães iam boiando, agarrando-se à vida, e passando por baixo da ponte, o menino ia-os apanhando do outro lado... Um a um, 5 ou 6, molhados pela maré do Chiveve, encharcados nas lágrimas do menino daquele musungo, são e salvos pela maré que fez desobedecer o rio Chiveve à lei natural dos rios, a de correr para o mar.

Rio e menino desobedientes.

E, no mesmo repente, o mundo começou a mexer-se outra vez. Vêm pessoas de todos os lados… seres humanos!

"Eu ficas com os cão. Dá uns cão para mim. Eu gosta dos cão!".

E estas 5 ou 6 vozes levaram os 5 ou 6 cães para serem seus, para serem seus… e de estimação.

Seres humanos.

O menino voltou para casa, já sem os cães, já sem o saco, que nesse dia o "homem do saco" perdeu o saco para todo o sempre.

O menino não chorou mais nesse dia. A mãe chorou por ele. O pai musungo sentiu um grande orgulho nele. O menino só chorou mais tarde, com medo de, frente ao musungo, trair a mentira.


FIM

Jorge Coimbra (pp Jone Chipângua) ou vice-versa.

PS: O menino, agora já mais crescido, recorda com saudade as memórias que o Jone lhe confidenciava em segredo: “O homem negro trata bem os seus animais”, dizia. “Se por acaso vires um cão magro, com as costelas a descoberto, pertencendo a um homem negro, não é porque este o trate mal. Se vires bem, o homem negro ainda é mais magro, pois divide a fome do cão consigo”.

Muito obrigado Jone Chipângua.

Chipangara – Bairro pobre da Beira, Moçambique.
Matope – Lama negra.
Jone Chipângua – Um contador de histórias.
Musungo – Patrão, chefe (à laia de “Sahib”).
Cacana – Peixe de rio.
Mussopo – Peixe de rio.
Chiveve – Braço de rio, que nascia no mar, e que, ainda hoje se diz, tem poderes mágicos para quem dele beber ou nele cair. Eu fiz ambas as coisas.
"solex" – Moto com pedais e motor em cima da roda dianteira.

sábado, janeiro 19, 2008

post nº 012


A SEBENTA

É barrenta
A água que cai
E se esvai
Nas linhas desta sebenta.
Mas, se dela eu beber,
É água benta.
De noite é água lenta
Mas, quando vier o dia
É sabedoria

Jorge Coimbra
(se tivesse seguido os conselhos da sebenta... não teria que correr tanto na vida).
post nº 011

À BEIRA DA “ZONA VERDE”
(PROSTITUIÇÃO)

Olha em volta
Na esteira do nada
Negra anda à solta
Na palhota explorada
Prostituta rota
Varinha sem fada
Quem foi já não volta
... Estás a chorar?
"Tens Nada?"

Negra de ninguém
Luz no negrume
Tua forma vai e vem
Acendendo o lume
Que ilumina alguém
Que não tem ciúme

Preta, negra de carvão
Tua vida é sem cor
Sem amor
Sem perdão

Porém... Prostituta
De todos os passes
Tu és o sorriso
De todas as faces
De todos os pisos
De todas as classes
De todos os nichos
De todas as camas
De todos os lixos
De todas as famas

Negra, preta ou mulata oxigenada
Prostituta, meretriz ou puta
Vestida de tirar e pôr
Meia nua
Toda nua
Coberta de dor
Velha ou crua
De sexo incolor

Na esquina escurecida
Vais buscar o pão
Que te alimenta a vida

Prostituição sem cor
Quem te dá a mão
Não te dá amor

Jorge Coimbra
post nº 010

VOLTA DOS TRISTES· (sonhos do Espangara)

(Passeavas com uma bacecola ao lado
E um rádio colado aos teus sentidos
Ouvia-te a gingar, e não era pecado
Devia ter ficado, não te dei ouvidos)

Quando me arrancaram à força do Espangara
Num dia de muita ventania e mau tempo
Levei comigo só a capulana que sempre usara,
Encobrindo-me agora não só o corpo mas também a cara,
Escondendo uma alma despida da força e alento
Desmascarando-se de tudo do que até então se animara
Baloiçando como os barcos que morrem no cais do Manarte
Sem remos, nem âncoras ou amarras, nem a arte
Para reconhecer que já estava moribunda, especada no tempo

Espangara, meu bairro favela, meu vivo artesanato
Eu te recordo tão pequeno, como pequena
Era a porta que se abria numa fresta húmida e serena
Que existia entre este meu mar e esse meu mato

Ladeado pelo mato à esquerda e á direita o mar
Dou início a um sonho de revolta e começo a caminhar
Possuído pela saudade do que já fui e do que já sou
Tentando nunca mais olhar para trás
Passo a passo, vou retirando fotografias dum cabaz
Onde guardo tudo o que o tempo me deu e me levou
Como o campo do Sporting onde, incapaz,
Tantas vezes lá o meu corpo se rasgou
Pelo esforço dos jogos de vida que lá jogou

Para além da vala que me separava dos Maristas
Observei tantas vezes Irmãos de batinas altruístas
Amparando quedas de alunos, de cães pára-quedistas
E no altar do Cordeiro, de Deus… esse Irmão Sacrificado
Pelo legado do amor imenso que ao ensinar tinha doado

Com o Náutico no horizonte
Dobrei a esquina do hospital
E ao fundo daquela estrada que se ligava, feita ponte
Como num abraço, de dedos entrelaçados, ao grande farol
Que a esta distância me parecia pequeno e normal
Porque quanto mais para ele eu caminhava
Mais ele de mim se afastava
Continuando ainda hoje e para sempre a monte

Então, fincando bem os pés na areia, descobri o rasto
Dumas pegadas a caminho dum barco já desaparecido
Que de barco já só era um roto e raso casco
Restos da sombra de alguém que lá tinha vivido

Caminhei pela linha recta que seguia
Em seta arremessada até ao aeroporto
Quedando-me a olhar uns aviões que partiam
Abandonando-me, também eles, melancólico neste porto

Voltei costas à preia-mar, que desde logo se esvazia
Afastando-se rapidamente do grande Régulo
E corri numa largada indistinta e fugidia
De cavalos galopando num hipismo trémulo
Duma chama dançante, fogo-fátuo que tremia,
Reflectida nos olhos dos cavalos já sem luz do dia

Massano de Amorim deu-me boleia até à baixa
À procura dum machimbombo que à pressa me levasse
Para o Liceu, ou para a Escola, que tanto me fazia
Pois só chegar lá era tudo o que eu mais queria
Para me perder a estudar, mais uma vez, na grande vala
Que o Liceu à Escola tanto separava como unia.

Foi então que me lembrei da casa Bulha
Que lá tudo havia, lá tudo se vendia
E machimbombos também lá paravam
À espera de mim, na minha paragem
Com o passo apertado e lento, a muito custo,
Corri louco, como se fugisse dum susto
Por já lá não se venderem bilhetes de passagem

Abri os olhos, encarnando um pássaro que voava
Por sobre o Município deserto e agora seco
Pois embora as fontes ainda deitassem água,
Hoje já não me atingiam nem molhavam
Já nem se ouvia o eco do “já lá vai”, marreco
Vergado pela mística corcunda, feia e rela
Surgindo sempre à socapa de qualquer beco
Para que tivéssemos sempre muita cautela,
Cautela que me vendeu um dia por vinte paus e me jurara
Aí e então, que algum dia haveria de me sair o ganho
No mesmo dia que me evadisse da favela
E deitasse fogo à cubata do meu Espangara.
Agora… já nem cubata nem cautela tenho.

Fiz à Catedral um envergonhado salamaleque
Porque em frente ficava a Eduardo Vilaça
E ao lado o Eduardo Brasão, onde tantas vezes por pirraça
Se ensaiavam umas peças de teatro e se namoravam
Meninas do corpo de baile ao som do calhambeque

Passei mudo pelo pavilhão da minha mocidade
E liguei-me aos sons que ainda lá ecoavam
“Cesto” e “golo”, “atira” e “passa a bola” alternavam
Com a lucidez que nas minhas memórias provocavam
Ouvi-los repetidamente à distância desta idade
De reconhecer, que tanto lhes tive ódio como amizade
E de agora saber que já lá não mais jogavam

Gritei por “São Jorge” que me poupasse
A pesada cruz que agora carregava
Se seguisse em frente, a Ponta-Gea avisava
Que virasse à direita para onde o mar marulhava
E que, viesse o que viesse, que passasse
Pelo Grande Hotel mesmo que ele me olhasse
Com olhos de defunto que junto ao mar se abandonava

Vizinho que tantas vezes te olhei sempre novo
E agora te vejo envelhecer pelas necessidades dum povo
Que nas tuas entranhas vive e sofre até não mais poder
Deram-te uma amarga vida um dia, meu imponente amigo,
Agora é a tua vez de vida amarga dares ao morrer.

Agora sim, já sei por onde ir, que este sonho é só meu
É pela marginal que ainda existe entre o Crente e o Ateu
Que divide a terra do Miramar, onde o Veleiro finda,
E a Praia dos Pinheiros com lágrimas da Praça da Índia

E aqui, bem no centro da rotunda, por fim reparei
Que estava quase no ponto do meu sonho de partida
Sim que de meu sonho se tratava… sem vivalma
Tendo levado somente comigo a saudade ofendida
Para dar uma volta aos tristes trastes da minha alma
E finalmente voltar para onde nunca devia ter saído
À palhota do Espangara, suado e cansado
Por ter saído sem nunca de lá ter partido
Por hoje retornar sem nunca lá ter voltado

(Ainda passeias com uma bacecola ao lado
E um rádio colado aos teus sentidos
Ouço-te a gingar, nunca foi pecado
Devia ter ficado, não te dei ouvidos)


Jone Chipângua
(que, como já sabem, é meu amigo)
post nº 009

DITADOS MAIS OU MENOS POPULARES

- O UMBIGO PENSA QUE VÊ MELHOR QUE OS OLHOS.
- OS OUVIDOS ENGRAVIDAM MAIS DEPRESSA QUE OS OVÁRIOS.
- O PÉNIS PENSA MAIS RÁPIDO QUE O CÉREBRO.
- A PACIÊNCIA NUNCA ESPERA PELAS PERNAS PARA ANDAR.
- O PEITO INCHA MUITAS VEZES SEM OS PULMÕES RESPIRAREM.
- A RIQUEZA QUE AGORA TEMOS É TUDO AQUILO QUE JÁ DEMOS.
- NÃO SE CONSEGUE PERSCRUTAR O HORIZONTE SEM LEVANTAR OS OLHOS DO CHÃO.
- NÃO SE PODE TENTAR ENTENDER O UNIVERSO SEM NUNCA TER OLHADO PARA AS ESTRELAS.
- ACREDITAMOS MAIS DEPRESSA NAS MENTIRAS ESCONDIDAS DO QUE NAS VERDADES À NOSSA FRENTE.

Por Jone Chipângua

sexta-feira, janeiro 18, 2008

post nº 007

VERSOS AINDA MAIS SIMPLES E SOLTOS - II

Cada vez que penso em ti
Tanto estou aqui como aí
Pensamento não tem fronteiras
Imaginando nós unidos
De mão dadas, destemidos
Destruindo barreiras

Telefone que não toca
Já me seca tanto a boca
De pedir só uma linha
Que me traga tu a mim
Que me leve eu a ti
Só para dizer meu e minha

De noite sinto-me perdido
Por não estares comigo
Confortando com abraços
De dia nunca me encontro
Por ainda estar tonto
De tantos ocos espaços

Muralhas de arame farpado
Espinho e vidro agarrado
Ao caminho que a ti vai dar
Meu corpo todo cortado
Está a sangrar, lacerado
Mas não se cansa de te amar

Jorge Coimbra

post nº 006

VERSOS MUITO SIMPLES E SOLTOS - I

Põe a tua mão na minha
Suave como uma avezinha
Que poisa para adormecer
Se com força me apertares os dedos,
Tirar-me-ás todos os medos
Que tenho de te perder

Era uma estrela cadente
Tão brilhante e tão ardente
Iluminando o céu sem fim
Era tão bela como tu
Mostrava-me o amor a nu
E só me pertencia a mim

Ouço-te a assobiar
Quando me estás a chamar
Tão longe da minha mão
Mas para eu te ouvir assim
Tens que estar perto de mim
Dentro do meu coração

Tenho tanto para te dizer
Que é bem fácil de esquecer
Por onde hei-de começar
Esta loucura em ser louco
Por te amar tanto ou pouco
Que falo sem me lembrar

Se eu soubesse voar
Batia as asas a sonhar
Contigo no coração
Dar-te-ia um grande abraço
Pois estaria com cagaço
De cair até ao chão

Jorge Coimbra

quinta-feira, janeiro 17, 2008

post nº 005

POEMA AO PENSAMENTO

Estava eu, homem, sentado num banco
Aporreado ao pensamento
Em artes de Ofício Santo
E vai daí - num repente -
(Eu vou ser franco)
Uma mal-parida aberração
E com manhas de puro espanto
Irritado tão e tanto
Acorda-me daquele pranto
(Nem que fosse eu gato ou cão)

Arre!

Que se nem isso temos
(E nem podemos pensar que temos)
Que se nada somos ou menos
Então... (uso a má criação...)
Somos nada - não existimos
Não nascemos - nem crescemos
Não procriamos - nem amamos
Não sofremos - nem morremos
E muito menos sabemos o que somos

Que se penteiem com os nossos ossos
Que nos transfigurem em ténues esboços
Que nos façam lamber escarros
E nos dêem a fumar cinza de cigarros
Que nos chicoteiem os sexos
Despedacem o olhar e os reflexos
Que nos transformem em rodas dentadas
Movidas por nosso sangue em grossas levadas

Ao fim e ao cabo já não me interessa
Esta vida que me é um sofrimento
Nasceu-me dum pensamento
A voz, brotou-me dum lamento
Ah!... deixem-me pensar, depressa!

Pelo Jone Chipângua em 18/Jul/1972

Quem diria que voltaria a recordar isto que escrevi... há 36 anos. Já estou velho, cocuana maningue, mas ainda vibro quando me aporreio ao pensamento.

Os que davam porrada pelo pensamento de então, tinham um nome. Hoje já nem isso têm. Podem chamar-se liberdade ou democracia ou qualquer outra palavra enganadora... ...basta olhar o mundo.

Deixem-me continuar a pensar que sonho ou a sonhar que penso.

Jorge Coimbra
post nº 004

O PRIMEIRO ENCONTRO 29992

Viva o dia em que olhei para ti !
Deve ter sido o dia da boa disposição de Deus

Agora que palmilhamos a mesma e única via
Quero que o façamos sempre lado a lado
E, para que nos lembremos sempre desse dia
Decreto que a partir de agora
Será para nós sempre um imortal feriado

Jorge Coimbra

post nº 003


Estes e estas são os meus filhos e filhas...


e por aqui me filho... er, fico.


domingo, janeiro 13, 2008

post nº 002

VIDA E TEMPO

Agora um pouco do âmago de mim:

A VIDA É COMO O TEMPO

A MINHA VIDA É COMO O TEMPO
QUE NÃO TEM TEMPO PRA NADA
CHORADA, SOFRIDA E RASGADA
NUMA FOLHA DE PENSAMENTO

NESSA FOLHA EM QUE ESCREVI
O QUE DA ALMA RETIRO
UM QUEIXUME, UM SUSPIRO
UM LAMENTAR QUE VIVI

LEVE ME SIRVA O TORMENTO
QUE SE QUEIXA DESTA IDADE
E DO PASSADO É LAMENTO

QUERO VIVER SEMPRE CARENTE
LA NO BECO LAMACENTO
ONDE ESCONDI A SAUDADE

Jone Chipangua

PS: O Jone Chipângua é meu amigo, mesmo meu amigo

Jorge Coimbra

sexta-feira, janeiro 11, 2008

post nº 001

SOU AQUILO QUE SOU

Caros habitantes da Terra,

Começo hoje (11/01/2008), no dia que faço, 56 anos, que acabo o oitavo ciclo e começo o nono, uma Sexta-Feira, como o foi há 56 anos, em 1952.

Então começo hoje por dizer algo de mim, algo que, em poucas palavras, diga muito... como a poesia...

Sou aquilo que sou, nem rico nem pedinte
Não sou aquilo que costumo ser por norma
Sou algo cru, mas com algum requinte
E totalmente abstraído da forma


And for the English speaking Earthlocked beings... a translation of the above:

I am who I am, no more no less.
I am not what I am as a norm.
I am crude, with some finesse
And totally careless about the form.

Por hoje é tudo porque as mensagens para serem lidas sem stress, têm que ser curtas e (não necessariamente) grossas.

Jorge Coimbra