sábado, janeiro 19, 2008

post nº 011

À BEIRA DA “ZONA VERDE”
(PROSTITUIÇÃO)

Olha em volta
Na esteira do nada
Negra anda à solta
Na palhota explorada
Prostituta rota
Varinha sem fada
Quem foi já não volta
... Estás a chorar?
"Tens Nada?"

Negra de ninguém
Luz no negrume
Tua forma vai e vem
Acendendo o lume
Que ilumina alguém
Que não tem ciúme

Preta, negra de carvão
Tua vida é sem cor
Sem amor
Sem perdão

Porém... Prostituta
De todos os passes
Tu és o sorriso
De todas as faces
De todos os pisos
De todas as classes
De todos os nichos
De todas as camas
De todos os lixos
De todas as famas

Negra, preta ou mulata oxigenada
Prostituta, meretriz ou puta
Vestida de tirar e pôr
Meia nua
Toda nua
Coberta de dor
Velha ou crua
De sexo incolor

Na esquina escurecida
Vais buscar o pão
Que te alimenta a vida

Prostituição sem cor
Quem te dá a mão
Não te dá amor

Jorge Coimbra

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