domingo, outubro 19, 2008


post nº 076

POEMA DO HOMEM SÓ

Negro nascer do sol
De um dia qualquer
De um princípio qualquer

Escuro, era o dia
Só, era o homem
Seu sonho: a mulher

Seu pensar era nu
Era vago e cru
Felicidade de nada saber

Porém, desgraçado,
O sol escondeu-se em luz cega
E nisto que foi, um ser que chega
Falou de possuir com facilidade
E o homem sorriu da sua vaidade
E disse: eu creio, eu creio

Nisto, nota a costela desaparecida
E rompeu em soluços
Alguém lha retirara
Quando prostrado era de bruços

O ser diferente
Apareceu num repente
Com a tal maçã Bíblica
E ao homem a ofereceu
Que sôfrego a mordeu
Com força triplica

E o ser satisfeito
Cinicamente imperfeito
Disse ao homem:
Homem, sou Lúcifer
Essa maçã era tua mulher

Neste Paraíso, submisso,
Encobriu-se o homem
Destapou-se a mulher
Não culpemos Deus por isso

Jorge Coimbra

3 comentários:

Carlos Gil disse...

:)

Anónimo disse...

Bonito.
A mulher ser o sonho do homem.
Só que o homem às vezes prefere sonhar com ela do que tê-la.

Jorge Coimbra disse...

O sonho é o pricípio da acção. A acção é o pricípio do fazer. O fazer é o princípio do ter. O ter é o princípio do fim...